segunda-feira, 14 de abril de 2008

Escola keynesiana (Wikepédia)

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A escola de pensamento econômico keynesiana tem suas origens no livro escrito por John M. Keynes chamado "Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda" [1] . Rápidamente muitos economistas se "converteram" à nova escola o que foi chamado de revolução keynesiana.

A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulador como pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" dos empresários. É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos que querem trabalhar que Keynes defende a intervenção do Estado na economia.
Índice
[esconder]

* 1 Teoria Keynesiana
* 2 O papel do Estado na economia, segundo Keynes
* 3 Desenvolvimento das teorias keynesianas
o 3.1 Origens do novo desenvolvimentismo
* 4 Citações sobre Keynes
* 5 Ver também
* 6 Referências
* 7 Bibliografia
o 7.1 Online
o 7.2 Publicações

[editar] Teoria Keynesiana

A teoria de Keynes é baseada no principio de que os consumidores alocam as proporções de seus gastos em bens e poupança, em função da renda. Quanto maior a renda, maior a percentagem da renda poupada. Assim se a renda agregada aumenta, em função do aumento do emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente. E como a taxa de acumulação de capital aumenta, a produtividade marginal do capital se reduz, e o investimento é reduzido já que a lucratividade é proporcional a produtividade marginal do capital. Então ocorre um excesso de poupança, em relação ao investimento, o que faz com que a demanda efectiva fique abaixo da oferta e assim o emprego se reduza para um ponto de equilíbrio onde a poupança e o investimento fiquem iguaís. Como esse equilíbrio pode significar a ocorrência de desemprego involuntário em economias avançadas (onde a quantidade de capital acumulado seja grande e sua produtividade seja pequena), Keynes defendeu a tese de que o Estado deveria intervir na fase recessiva dos ciclos econômicos com sua capacidade de imprimir moeda para aumentar a demanda efectiva através de déficits do orçamento do Estado e assim manter o pleno emprego. É importante lembrar que Keynes nunca defendeu o carregamento de déficits de um ciclo econômico para outro, nem muito menos operar orçamentos deficitários na fase expansiva dos ciclos.

Deve se notar que, para o estado aumentar a demanda efectiva, ele deve gastar mais do que arrecada, porque a arrecadação de impostos reduz a demanda efectiva, enquanto que os gastos aumentam a demanda efectiva.

O ciclo de negócios segundo Keynes ocorre porque os empresários têm "impulsos animais" psicológicos que os impedem de investir a poupança dos consumidores, o que gera desemprego e reduz a demanda efectiva novamente, e por sua vez causa uma crise econômica. A crise, para terminar, deve ter uma intervenção estatal que aumente a demanda efectiva através do aumento dos gastos públicos.

[editar] O papel do Estado na economia, segundo Keynes

A mais importante Agenda do Estado não está relacionada às atividades que os indivíduos particularmente já realizam, mas às funções que estão fora do âmbito individual, àquelas decisões que ninguém adota se o Estado não o faz.

Para o governo, o mais importante não é fazer coisas que os indivíduos já estão fazendo, e fazê-las um pouco melhor ou um pouco pior, mas fazer aquelas coisas que atualmente deixam de ser feitas. (John Maynard Keynes, The end of laissez-faire) [2]

A escolha não deve ser se o estado deve ou não estar envolvido (na economia), mas como ele se envolve. Assim, a questão central não deve ser o tamanho do estado mas as atividades e métodos do governo. Países com economias bem-sucedidas têm governos que estão envolvidos em um amplo espectro de atividades. (Joseph Stiglitz, More instruments and broader goals...) [3]

Estas duas citações, a primeira do próprio Keynes, em 1926, e a segunda de Stiglitz, que é considerado por muitos um neo-keneysiano, servem para desmistificar muitas das críticas feitas por políticos neoliberais aos ensinamentos de Keynes.

Keynes nunca defendeu a estatitização da economia, nos moldes em que foi feita na União Soviética. O que Keynes defendia, na década de 1930, e que hoje Stiglitz e os novos-desenvolvimentistas defendem é uma participação ativa de um Estado enérgico nos segmentos da economia que, embora necessários para o bom desenvolvimento de um país, não interessam ou não podem ser atendidos pela inciativa privada.

Não se trata promover uma competição entre o Estado e o mercado, mas sim de obter uma adequada complementação ao mercado, que agindo sozinho não é capaz de resolver todos os problemas, conforme demonstraram Grenwald e Stiglitz [4] (1986), em busca de uma maior eficiência geral da Economia.

Não constitui uma dedução correta dos princípios da Economia que o auto-intresse esclarecido sempre atua a favor do interesse público.

A aguda intuição de Keynes, que o levou a recomendar a intervenção do estado na economia, vêm encontrando cada vez mais respaldo nas recentes descobertas da economia da informação, como demonstra o teorema de Greenwald-Stiglitz:

O efeito da influência de Stiglitz é tornar a Economia mais presumivelmente intervencionista do que Samuelson propunha. Samuelson considerava as falhas de mercado como "exceções" à regra geral dos mercados eficientes. Mas os teoremas de Greenwald-Stiglitz postulam ser as falhas de mercado a "norma", e estabelecem que "os governos quase sempre podem potencialmente melhorar a eficiência da alocação de recursos em relação ao livre mercado." E o teorema de Sappington-Stiglitz "estabelece que um governo 'ideal' poderia atingir um maior nível de eficiência administrando diretamente uma empresa estatal do que privatizando-a." [5] (Stiglitz 1994, 179) [6].

[editar] Desenvolvimento das teorias keynesianas

Inspirados na obra de Keynes inúmeros economistas desenvolveram, aperfeiçoaram e modernizaram a teoria keynesiana. Dentre eles vários foram galerdeados com Prêmios de Ciências Econômicas.

Destacam-se:

* Amartya Sen
* Franco Modigliani
* James Tobin
* Joseph E. Stiglitz
* Paul Samuelson
* Robert Solow
* Wassily Leontief

[editar] Origens do novo desenvolvimentismo

O novo-desenvolvimentismo surge da visão de Keynes, adaptada aos tempos atuais por economistas keynesianos contemporâneos como Paul Davidson e Joseph Stiglitz, que vêem o Estado como sendo um complemento do mercado, e da visão cepalina neo-estruturalista que considera que a tardia industrialização latino-americana não foi capaz de resolver os problemas de desigualdades sociais na América Latina, e propõe uma estratégia de transformação produtiva com eqüidade social, que leve a um crescimento econômico sustentável, com uma melhor distribuição de renda. [7]

Ver artigo principal: Desenvolvimentismo

[editar] Citações sobre Keynes

"É incrível o que Keynes pensou. Ele foi muito mais do que um economista. O que ele escreveu é muito mais relevante para a Economia do que tudo que fizeram depois (Antônio Delfim Netto) [8]

"Keynes por si só era um gênio multi-facetado que tornou-se proeminente no mundo da matemática, filosofia e literatura. Além disso, ele encontrava tempo para administrar um grande companhia de seguros, para ser Conselheiro do Tesouro Britânico, para ajudar a dirigir o Banco da Inglaterra, para editar um mundialmente famoso jornal de Economia e para patrocinar espetáculos teatrais e de ballet. Ele também era um Economista que sabia ganhar dinheiro tanto para si como para sua faculdade, o King's College de Cambridge." [9] (Paul A. Samuelson)

Keynes é ainda mais importante agora do que o foi há 50 anos. Não sei se os economistas, em geral, se tornarão keynesianos de novo, mas passei a levar muito a sério as questões de tipo keynesiano, se assim se pode dizer. É claro que Lord Keynes não era uma profeta sagrado. Ele pode ter colocado as perguntas certas, mas cabe a você, sempre, ter de encontrar as suas próprias respostas. (Paul Krugman) [1]

[editar] Ver também

* Amartya Sen

* Desenvolvimentismo

* Joseph E. Stiglitz

[editar] Referências

1. ↑ KEYNES, John Maynard. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of employment, interest and money). Tradutor: CRUZ, Mário Ribeiro da. São Paulo: Editora Atlas, 1992. ISBN 9788522414574
2. ↑ KEYNES, John Maynard. The end of laissez-faire. Amherst, New York: Prometheus Books, 2004. ISBN 1591022681
3. ↑ (en) STIGLITZ, Joseph. More Instruments and Broader Goals: Moving Toward the Post-Washington Consensus. The 1998 WIDER Annual Lecture. Helsinki, Finlândia, 07/1/1998.
4. ↑ GREENWALD, Bruce and STIGLITZ, Joseph E. 1986 Externalities in Economies with Imperfect Information and Incomplete Markets, Quarterly Journal of Economics, no. 90.
5. ↑ SAPPINGTON, David E. M. e STIGLITZ, Joseph E. Privatization, Information and Incentives. Columbia University; National Bureau of Economic Research (NBER) June 1988; NBER Working Paper No. W2196
6. ↑ BOETTKE, Peter J. What Went Wrong with Economics?, Critical Review Vol. 11, No. 1, P. 35. p. 58
7. ↑ SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel. Por que um novo desenvolvimentismo ?. Jornal dos Economistas no. 186, janeiro de 2005, p. 3-5
8. ↑ BELLUZZO, Luiz Gonazaga LIRIO, Sérgio. Receita de crescimento - Reflexões de Delfim Netto". Entrevista. São Paulo: Revista CartaCapital, no. 425, 27/12/2006.
9. ↑ SAMUELSON, Paul A. Economics: An Introductory Analysis. International Student Edition, Tóquio: McGraw-Hill/Kogakusha Co, Ltd, 6ª edição, p.205

[editar] Bibliografia
[editar] Online

Em português

* ALDRIGHI, Dante Mendes. Uma avaliação das contribuições de Stiglitz à teoria dos mercados financeiros. Rev. Econ. Polit. vol.26 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2006 ISSN 0101-3157

* CARQUEJA, Hernâni O. O Conceito de Riqueza na Análise Económica - Apontamentos. II Seminário GRUDIS. Faculdade de Economia da Universidade do Porto, 25/10/2003

* LASTRES, Helena Maria Martins e FERRAZ, João Carlos. Economia da Informação, do Conhecimento e do Aprendizado, Capítulo I, in: Informação e globalização na era do conhecimento, Helena M. M. Lastres, Sarita Albagli (organizadoras). — Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Em inglês

* CROTTY, James. The Effects of Increased Product Market Competition and Changes in Financial Markets on the Performance of Nonfinancial Corporations in the Neoliberal Era. Amherst: University of Massachusetts, Department of Economics, October 11, 2002

* ENGLISH,Simon. IMF admits its policies seldom work New York: Telegraph.co.uk, 11:40pm GMT 19/03/20

* KEYNES, John Maynard. The end of laissez-faire. Amherst, New York: Prometheus Books, 2004. ISBN 1591022681

* KEYNES, John Maynard. General Theory of Employment, Interest and Money, The. London: Macmillan Press; New York: St. Martin's Press; 1936

* ROTHSCHILD, Michael. Information, The invisible Hand and Google Princeton University

* STIGLITZ, Joseph E. Prize Lecture: Information and the Change in the Paradigm in Economics. Joseph E. Stiglitz proferiu sua aula de aceitação do Prêmio Nobel em 8 de dezembro de 2001, na Aula Magna, Universidade de Estocolmo. Foi apresentado por Lars E.O. Svensson Chairman of the Prize Committee.

* STIGLITZ, Joseph E. The pact with the devil. Beppe Grillo's Friends interview

* WANG, Shaoguang. The State, Market Economy, and Transition. Department of Political Science, Yale University

[editar] Publicações

Em Português

* KEYNES, John Maynard. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of employment, interest and money). Tradutor: CRUZ, Mário Ribeiro da. São Paulo: Editora Atlas, 1992. ISBN 9788522414574

* SICSÚ, João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel; organizadores. Novo-desenvolvimentismo: um projeto nacional de crescimento com eqüidade social. Barueri:Manole; Rio de Janeiro:Fundação Konrad Adenauer, 2005. ISBN 85-98416-04-5 (Manole)

* STIGLITZ, Joseph E. e GREENWAL,Bruce. Rumo a um Novo Paradigma em Economia Monetária. Francis, 2004

Em inglês

* GREENWALD, Bruce and STIGLITZ, Joseph E. Externalities in Economies with Imperfect Information and Incomplete Markets, Quarterly Journal of Economics, no. 90, 1986.

domingo, 13 de abril de 2008

John Maynard Keynes e o intevencionismo na economia (Fonte:Wikepedia)

John Maynard Keynes
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Keynes em 1946
Keynes em 1946

John Maynard Keynes (Cambridge, 5 de junho de 1883 — Firle, East Sussex, 21 de abril de 1946), o criador da Macroeconomia, foi um dos mais influentes economistas do século XX. Suas idéias intervencionistas chocaram-se com as doutrinas econômicas vigentes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.


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Ver artigo principal: Escola keynesiana


Wikiquote
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: John Maynard Keynes.
Índice
[esconder]

* 1 Vida e época (1883-1946)
* 2 Contribuições teóricas
o 2.1 Micro e Macroeconomia
o 2.2 Keynes e política econômica
o 2.3 Investimento e expectativas
* 3 Pensamento e obras
* 4 Bibliografia
o 4.1 Online
o 4.2 Publicações
* 5 Ligações externas

[editar] Vida e época (1883-1946)

O impacto da Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda nos meios profissionais bem como no domínio da política pública excedeu o que normalmente se poderia esperar até mesmo de pensadores tão destacados como John Maynard Keynes.

A razão para seu extraordinário sucesso, frente a defesa de longo tempo da “Doutrina Recebida” e à recepção geralmente negativa nos círculos não-acadêmicos na época de sua publicação, em 1936, é que a obra tinha alguma coisa para todos.

Ter-se-ia que volver ao tempo de Adam Smith para encontrar um grau comparável de persuasão com respeito a política pública; ter-se-ia que volver a David Ricardo para a espécie de análise rigorosa que inspira o pensador dedutivo; e a Karl Marx para alguém que atraísse seguidores capazes e suficientemente zelosos afim de levar sua mensagem ao mundo. Parece que a hereditariedade havia destinado a Keynes a fazer uma valiosa contribuição para o mundo.

Seu pai foi John Neville Keynes, secretário da Universidade de Cambridge, cuja obra Escopo e Método de Economia Política (1891) é não apenas clássica em seu campo, mas continua sendo um tratado eminentemente útil sobre o assunto de metodologia até nossos dias. Sua mãe serviu como prefeita de Cambridge até 1932. Ambos educaram o filho em Eton e no King’s college, onde se distinguiu em Matemática, além de estudar os clássicos, Filosofia e Economia, sendo esta última disciplina ministrada sob as luzes de lideres como Henry Sidwick e Alfred Marshall.

Em 1906, tendo passado no exame para o serviço civil, seguiu para a Índia Office, tendo aí permanecido durante dois anos antes de voltar para o King’s College, onde se especializou no ensino dos Princípios Econômicos de Marshall. A vida acadêmica, ampliada para incluir tantos os interesses culturais como pecuniários que proporcionavam uma bela renda adicional, era-lhe bastante adequada.

Mas ele sempre esteve envolvido em assuntos públicos numa posição ou outra, particularmente em questões de comércio e finanças. Este aspecto de sua carreira está em perfeita consonância com sua abordagem predominantemente pragmática; a economia como ciência pura era-lhe muita menos interessante do que a economia a serviços de políticas.

Com efeito, a contribuição de Keynes à teoria e pratica de economia política tem de ser vista em perspectiva, tendo como fundo os anos de guerra e entre-guerras, afim de ser plenamente compreendida e apreciada. Estes anos foram marcados pela interrupção das relações de comércio e do padrão-ouro durante a Primeira Guerra Mundial, seguindo-se primeiramente a inflação, a instabilidade da taxa de cambio e os desequilíbrios do balanço de pagamentos, e mais tarde pela deflação e desemprego em massa em escala internacional. O exame teórico desses fenômenos catastróficos e mais importante sob o ponto de vista de Keynes, as soluções praticas para os problemas criados por estes mesmos fenômenos estavam na ordem do dia.

Com a irrupção da Segunda Guerra Mundial, Keynes dedicou-se a questões concernentes às finanças de guerra e ao restabelecimento final do comércio internacional e de moedas estáveis. Suas idéias sobre estes assuntos foram oferecidos em um panfleto Como Pagar a Guerra, publicado em 1940, e no “Plano Keynes” para o estabelecimento de uma autoridade monetária internacional que ele propôs em 1943. Embora seu plano tenha sido rejeitado, a proposta que foi adotada em 1944 na conferência de Bretton Woods, da qual participou como líder na delegação britânica, refletia claramente a influência de seu pensamento.

Na ocasião de seu falecimento, em princípios de 1946, pouco depois de ter preparado o acordo de empréstimo americano, ele era o economista líder não somente da Inglaterra, mas do mundo. Foi um teorista brilhante, mas considerava a teoria principalmente como um guia para diretrizes de política econômica. Assim, talvez mais do que qualquer um outro individuo, Keynes é o responsável pelo retorno ao que afinal se conhecia como “economia política”.

[editar] Contribuições teóricas

[editar] Micro e Macroeconomia

Anterior ao pensamento keynesiano, a Microeconomia estuda as relações individuais entre os vários agentes econômicos. Estabelece que as forças de oferta e de procura provocariam processos de ajustes para o equilíbrio em todos os preços e valores, plena utilização dos fatores de produção, e um preço de equilíbrio para o uso de cada um. Os desvios desses níveis eram considerados temporários. De modo geral, a análise anterior do preço e do valor assentava-se em hipóteses baseadas no "laissez-faire" e a aplicação de tal teoria implicava uma política de laissez-faire e a perfeita mobilidade dos fatores no seio de uma economia auto-reguladora. Poder-se-ia exemplificar como casos específicos da Microeconomia a procura pelo trigo ou o nível salarial de uma determinada indústria.

Por outra visão, a Macroeconomia cuida dos totais ou agregados. Trata da renda nacional total, e como a mesma é afetada pelos gastos e poupanças totais. A Microeconomia está incorporada a esta. Observa o comportamento da economia total e reconhece que o dano de uma das partes é prejudicial ao todo. A idéia de fluxo é da mais alta importância pelo fato de que a renda total nacional da sociedade deve ser mantida em certos níveis para garantir os níveis considerados desejados pelos intervencionistas de investimentos, economias e emprego.

É uma espécie de conceito de equilíbrio geral: todo elemento da economia depende de todos os demais elementos. Contrariando a Microeconomia, não aceita o laissez-faire, considerando-o, na verdade, uma filosofia inteiramente indigna de confiança e que pode ser julgada grandemente responsável pelas violentas perturbações no nível das atividades comerciais e pelo desemprego subseqüente. Contudo, a Macroeconomia é anterior a Keynes.

[editar] Keynes e política econômica

J. M. Keynes discordou da lei de Say (que Keynes resumiu como : "a oferta cria sua própria demanda"). Assim como Thomas Malthus, não acreditava que a produção de mercadorias gerariam, sempre e obrigatoriamente, demanda suficiente para outras mercadorias. Poderiam ocorrer crises de super-produção, como ocorreu na década de 1930. Para ele o livre mercado pode, durante os períodos recessivos, não gerar demanda bastante para garantir o pleno emprego dos fatores de produção devido ao "entesouramento" das poupanças. Nessa ocasião seria aconselhável que o Estado criasse déficits fiscais para aumentar a demanda efetiva e instituir uma situação de pleno emprego.

A teoria dos ciclos comerciais, seja ela monetária ou não em sua maneira de apreciar a questão, interessa-se primordialmente pelos problemas das rendas e empregos flutuantes; esses problemas preocuparam os economistas por muitos anos. Os estudos primitivos sobre os ciclos comerciais raramente empregaram muita evidência empírica, mas pelo menos nos Estados Unidos da América a macroanálise existiu durante meio século. Keynes fez a ênfase recair inteiramente sobre os níveis de renda, que segundo ele, afetavam os níveis de emprego, o que constitui, naturalmente, uma ênfase diferente da encontrada nos estudos anteriores. É provavelmente verídico que toda a economia keynesiana tenha-se destinado a encontrar as causas e curas para o desemprego periódico. Keynes não encontrou solução alguma para o problema em quaisquer trabalhos sobre Economia Política então existentes, sendo os seus esforços, portanto, grandemente exploratórios. Desviou-se claramente da maioria das teorias econômicas anteriores, até mesmo da de seu professor, Alfred Marshall, a qual era considerada pela maior parte dos eruditos quase sacrossanta. É verdade que muitas de suas idéias combinaram com as dos economistas anteriores, como Lauderdale, Malthus, Rae, Sismondi, Say, Quesnay e outros. Keynes combinou suas próprias teorias e os desenvolvimentos anteriores em uma análise que ocasionou transformações na Economia aceita em grau que raiou pela revolução.

O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segundo o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu (incluindo aí o socialismo). O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na economia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre mercado (desproporcionalidade entre a poupança e o investimento e o "Estado de Ânimo" ou, como se diz no Brasil, o "Espírito Animal", dos empresários).

[editar] Investimento e expectativas

Para Keynes, o investimento depende da interação entre a eficiência marginal do capital e da taxa de juros, deve-se analisar alguns pontos fundamentais de sua teoria. Keynes não considera, como muitos dos autores neoclássicos, a taxa de juros como um custo de empréstimo ou de financiamento, nem mesmo um custo de oportunidade correspondente ao retorno proporcionado pelos ativos aplicados no mercado financeiro, em relação ao investimento em bens de capital produtivo e nem a diferença de preço entre bens de capital e bens de consumo. A taxa de juros, segundo o próprio autor, é “uma medida da relutância daqueles que possuem dinheiro em desfazer-se do seu controle líquido sobre ele”. Ou seja, é o prêmio que um agente econômico recebe ao privar-se de sua liquidez.

Essa preferência pela liquidez de seus ativos por parte dos agentes econômicos se justifica por causa de incerteza quanto ao futuro dos eventos econômicos e do resultado futuro dos investimentos passados e presentes. Por essa razão, os indivíduos preferem manter sua riqueza na forma de dinheiro.

Por isso, segundo Keynes, a taxa de juros representa um limite ao investimento produtivo, apenas por ser um trade-off do investidor, quando aplica seu capital em uma ampla carteira de ativos, entre o investimento (capital produtivo) e a liquidez (capital monetário).

É bastante discutível as razões pelas quais a eficiência marginal do capital deve ser necessariamente decrescente conforme o volume de investimento. O que ocorre, segundo Keynes, são expectativas de retornos declinantes com o nível de investimento para, de um lado, um dado tamanho (ou crescimento) do mercado, e do outro um crescente risco financeiro associado ao endividamento e à perda de liquidez.

O declínio da eficiência marginal do capital decorre de sua escassez decrescente com o volume demandado, como ocorre com qualquer ativo de capital. Para ativos de capital produtivo, o limite para o investimento é dado pelo mercado dos bens produzidos com esse capital. O declínio do seu rendimento marginal se dá devido aos crescentes custos financeiros decorrentes de amortizações e dívidas contraídas pela empresa investidora, ou ainda o fluxo de desembolsos para o pagamento desses mesmos bens de capital, o que reduz a condição de liquidez da empresa. Esses fatores aumentam os riscos financeiros assumidos pelos investidores, o que faz com que as suas expectativas de retorno sejam cada vez menores.

Em resumo, Keynes percebe o investimento produtivo como um fenômeno monetário, ao invés de autores clássicos que desvinculavam poupança de investimento.A conotação monetária do investimento para Keynes envolve também em reconhecer que as próprias definições do investimento produtivo e de preferência pela liquidez encontram-se interligados pela mútua dependência de expectativas referentes à incerteza frente a acontecimentos futuros.

A peculiaridade das expectativas de longo prazo associadas ao investimento produtivo está principalmente na maior duração do período de comprometimento do investidor com ativos produtivos duráveis, isto é, de baixa liquidez, o que acarreta a dificuldade ou impossibilidade dos erros de correção, por baixos custos, dos erros de previsão quanto aos futuros da economia e dos mercados. Torna-se, portanto, essencial para que os agentes econômicos tomem decisões seguras, buscando minimizar a incerteza.

Porém, como Keynes considera a incerteza uma força endógena ao sistema capitalista, a solução adotada pelos agentes econômicos que possuem ativos é, ao invés de eliminar, contornar as incertezas de suas expectativas pelo recurso da adoção de normas de comportamento convencionais. Essas normas de comportamento convencionais, segundo Keynes, consistem em “supor que o presente estado de coisas continuará indefinidamente a menos que haja razões específicas para esperar mudanças”.

As expectativas de longo prazo não estão sujeitas à revisão repentina, e por isso não podem ser afetadas pelos resultados futuros, e nem eliminadas. Não podem haver, portanto, comportamentos cautelosos, na forma de expectativas adaptativas (e muito menos expectativas racionais), que amenizem as incertezas e estabilizem os investimentos. Pois, a incerteza é uma característica intrínseca do sistema capitalista. Ou seja, em suma, a reação natural dos indivíduos às incertezas quanto aos acontecimentos econômicos futuros é se guiar por um comportamento convencional, que aplaina o caminho do investimento por intermédio de um não desprezível componente inercial das expectativas.

[editar] Pensamento e obras

Ver artigo principal: Escola keynesiana

As obras mais famosas de Keynes foram:

* As consequências econômicas da paz (The economic consequences of peace);
* Tratado sobre a moeda (Treatise on money);
* Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of employment, interest and money). Tradutor: CRUZ, Mário Ribeiro da. São Paulo: Editora Atlas, 1992. ISBN 9788522414574
* (en) KEYNES, John Maynard. The end of laissez-faire. Amherst, New York: Prometheus Books, 2004. ISBN 1591022681

As suas idéias e as dos seus seguidores foram adotadas por vários governos ocidentais e por muitos governos do terceiro mundos. Constituem, até hoje, a essência da política econômica mantida nos Estados Escandinavos, cujas populações desfrutam dos melhores padrões de vida do mundo. A sua influência começou a diminuir a partir dos anos 70 com a ascensão dos monetaristas, provocada pela crise do dólar norte-americano de 1971, durante o governo Nixon, quando os Estados Unidos se viram obrigados a interromper a conversibilidade do dólar em ouro, mas ressurge depois de 1986 com a publicação do teorema de Greenwald-Stiglitz e o surgimento dos economistas novo-keynesianos.