terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Hostilizados em protesto, black blocs ganham grupos inimigos
SABINE RIGHETTI
ARETHA YARAK
DE SÃO PAULO
    
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Em evidência desde os protestos de junho passado, o movimento black bloc –grupo punk, pró-anarquia, com tendência política à esquerda– ganhou inimigos.
Na manifestação do último sábado, contra a Copa do Mundo, integrantes do black bloc foram hostilizados em uma festa pública de música black no centro da cidade.
Um vídeo publicado pela "TV Estadão" mostra um membro do grupo sendo espancado por várias pessoas que estavam na festa.
O episódio durou alguns minutos. Terminou quando um segurança chegou ao local jogando água de um extintor nos agressores.
O apresentador da festa, William Santiago, que é presidente da Associação de Promotores de Eventos de São Paulo, aparece no vídeo defendendo a agressão.
"Demoramos muito para ter esse espaço da black music. Se esses caras entrarem aqui, vamos dar porradas."
À Folha, Santiago disse que "foi um momento de emoção". "Eu vi um bando de gente entrando e empurrando todo mundo, jogando caixa de ambulante para cima."
Para Rafael Alcadini, pesquisador da FGV, o fato foi uma causalidade. "Os black blocs têm ideologia e lutam contra símbolos e instituições, mas não têm o
objetivo de agredir pessoas", afirma.

A Folha apurou que um grupo de skin heads queria agredi-los no protesto do último sábado, mas desistiram.
Engrossa essa oposição os white blocs, que surgem como resposta ideológica e defendem militarização. "São de extrema direta", explica Esther Solano, da Unifesp. A página deles no Facebook possui mais de 3.500 "likes".

sábado, 11 de janeiro de 2014

Ministério Público vai pedir a dissolução da Alstom
 


MARIO CESAR CARVALHO
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
 
 
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O Ministério Público de São Paulo vai pedir a dissolução da Alstom no Brasil após a empresa ter se recusado a assinar um acordo pelo qual pagaria cerca de R$ 80 milhões para encerrar as investigações que apuram a suspeita de que a multinacional pagou propina para obter contratos com o governo de São Paulo.
A Folha revelou na edição desta sexta-feira (10) que a Alstom havia rejeitado o acordo de R$ 80 milhões sob alegação de que os promotores não têm provas de que a empresa corrompeu funcionários públicos e políticos do PSDB.
Na Suíça, onde a investigação contra a Alstom começou em 2008, a empresa pagou o equivalente a US$ 42,2 milhões (R$ 101 milhões) em 2011 para encerrar as apurações em torno da empresa.
A Promotoria do Patrimônio Público em São Paulo queria fazer um acordo nos moldes do suíço.
A dissolução da Alstom será pedida com base na nova lei anticorrupção, sancionada em agosto do ano passado. Segundo essa nova legislação, empresas envolvidas em corrupção podem ter suas atividades encerradas. A dissolução precisa ser aprovada pela Justiça.
Outra medida prevista pela nova lei é a multa de até 20% sobre o faturamento da empresa. Como a Alstom faturou R$ 2,5 bilhões no Brasil em 2012, a empresa pode ser multada em R$ 500 milhões caso fique comprovado que ela corrompeu servidores e políticos.
Os alvos da Alstom eram contratos na área de energia (Eletropaulo e EPTE) e transporte (Metrô e CPTM).
Os promotores dizem ter provas suficientes para demonstrar o pagamento de propina. Segundo a Promotoria, a quebra de sigilo bancário de contas secretas que a Alstom mantinha na Suíça mostra que a empresa abasteceu das quais saíram pagamentos para Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
A Alstom também fez transferências para uma empresa do consultor Romeu Pinto Jr., que já confessou à polícia que não prestou serviço algum à multinacional francesa e na verdade recebeu valores para pagar propinas. O consultor não revelou, porém, para quem repassou o dinheiro.
Procurada pela Folha, a Alstom não se pronunciou até o momento. Robson Marinho diz não ter recebido propina nem ter conta na Suíça

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014